Terça-feira. 13/10/2015. 17:38
– Uma
gaivota voava voava, asas de vento, coração de mar…
– Estás maluco ou quê?
– Como
ela, somos livres, somos livres de voar…
– Desculpa lá!
– Temos de entrar no espírito da coisa,
Pedro.
– “Somos Livres”?!
– Parece-me que vamos começar a ouvi-la
muitas vezes, à Gaivota. Temos de estar preparados.
– Sempre é melhor que o Grândola.
– É capaz.
– Eu com essa ou com o Grândola posso
bem. Agora o que me lixa é que ainda estou para perceber é como é que nos deixámos
cair nesta situação. Porque é que o Cavaco se pôs a inventar?!
– Tu não lhe disseste?
– Disse. Já te disse que sim. Disse-lhe
claramente que não entendia a razão para alterar os procedimentos normais e
constitucionais. Que faria o que ele me disse, não sabia bem como mas faria.
Mas disse-lhe que não era a favor, ele devia ouvir todos os partidos e…
– Os gajos foram rápidos e nós a apajar o
Aníbal, armados em parvos!... O Costa é um macacão e ninguém me tira que o engenheiro
está por trás disto tudo.
– E se ele os tivesse ouvido logo, os
gajos ficavam condicionados, assim…
– Assim, aqui estamos nós a caminho de
ver a fronha do Costa, o arzinho maniento do Pedro Nuno, o ar apalermado do
Centeno e a pose de estadista de meia-tigela do César, que só apetece é
esmurrar. Era como se o Pedro Guerra se pusesse calado a olhar para nós, com
aquele ar de superioridade imbecil…
– O Pedro Guerra não é teu? Ele não é assessor
do vosso grupo parlamentar? Não foi teu assessor no Ministério da Defesa?
– Sim mas isso não invalida a comparação.
Ou achas que invalida?
– Eu nem o conheço.
– Vamos lá, então.
– Onde?
– Uma
papoila crescia, crescia, grito vermelho num campo qualquer. – Os dois em
coro: – Como ela somos livres, somos
livres de crescer.
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