Sábado, 10/10/2015. 18:23
– Se calhar devíamos ligar ao Jerónimo – ouviu-se o Costa a dizer.
– Ligar-lhe, porquê? – Perguntou o
Porfírio, atento.
– Isto está quase despachado com o Bloco
– suspirou o Costa, titubeante –, se calhar devíamos dizer-lhe alguma coisa.
Podemos estar a avançar demais com estes e depois os outros tiram-nos o tapete.
– Não podem, António – explicou o
Porfírio. – Ou melhor, agora ainda podem mas depois já não.
– Mas alguém acredita que nós chegamos lá
segunda-feira e duas horas depois a coisa está decidida e que nós nunca falámos
antes?! Os gajos percebem que andámos a negociar às escondidas.
– Nós não estamos a negociar às
escondidas – disse o João.
– E também estamos a negociar com eles –
intrometeu-se o Pedro Nuno. – Eu ainda há bocado lhe respondi a um e-mail.
– E os gajos sabem uns dos outros,
António. Há ali muita malta que anda enrolada uns com os outros…
– E com outras – intrometeu-se o Pedro
Nuno.
– Sim mas isso é menos. Só se forem
outras com outras.
E riram-se todos.
– Isso é um bocado sexista – disse
alguém. – Se a Fernanda aqui estivesse, vocês não se riam assim.
– Ou a Isabel.
– A questão é que na igualdade podemos
rir-nos de toda a gente – declarou o Mário. – Sexismo era se evitássemos piadas
sexistas sobre homossexuais e lésbicas e se as fizéssemos ou tolerássemos
apenas sobre os heterossexuais.
A mesa caiu num silêncio fúnebre e os olhares
fixaram-se no declarante.
– Isso é um bocado reaças, Mário –
sibilou João. – Isso é converseta para a Helena Matos, pá. Tu às vezes, meu…
– Vocês estão a falar de quê? – perguntou
o Costa, acordando do seu torpor meditabundo.
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