Ele pousa o livro e olha em volta para a sala de estar que, para além
do tecto e das paredes, não deve ter outras semelhanças com as salas que vão surgindo
no livro que lê. Sorri ao pensar na estranheza da coisa: um russo escreve um
livro em mil oitocentos e tal e um português lê-o em dois mil e dezasseis. Na
verdade, relê, o que ainda é mais estranho.
“Há coisas piores”, pensa, mirando de esguelha o título, Os Irmãos
Karamazov. “Muito piores”, conclui.