Briefing entre
António Costa e Augusto Santos Silva, respectivamente, Primeiro-Ministro e
Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, a chegar ao fim [o briefing,
não Portugal (espera-se)]:
– Ah e já me
esquecia: o Marcelo vai ter uma estátua.
– Qual Marcelo?
– O Presidente.
– O Marcelo vai
ter uma estátua?! O homem ainda nem é presidente há três meses, como é que é
isso?!
– O Obama ganhou
o Nobel da Paz e nem era presidente há um ano, António.
– Mas o Obama é nosso,
Augusto, é de esquerda. Foi merecido. Agora o Marcelo, uma estátua?!
– A estátua é de
cera.
– De cera?! De
cera, Augusto?! O Marcelo vai ter uma estátua de cera?
– Sim, de cera.
– Onde?
– Em Madrid, no
Museu de Cera de Madrid.
– Uma estátua de
cera… Isso era bom era para o Cavaco. O Cavaco ficava bem no Museu da Madame
Tusseau na parte do horror. Isso é que era. Mas porque é que raio o Museu de
Cera de Madrid quer uma estátua de cera do Marcelo, são doidos?
– Dizem que é
para poupar nas fotografias, como ele nunca pára quieto os fotógrafos
queixam-se que as fotografias ficam sempre tremidas.
– Ah… Ó Augusto
poupa-me, pá, isso só tinha graça se as máquinas ainda tivessem rolo. Estavas a
mangar, era?
– A mangar?
– A gozar, pá,
estavas a gozar, não era? O Marcelo não vai ter nenhuma estátua, pois não?
– Vai, António, em
cera, no Museu…
– De Cera de
Madrid, já me tinhas dito. E vai ter um pavio no cocuruto da cabeça para se
poder acender? Se tiver eu vou lá acender a vela.
– É uma
homenagem ao nosso Presidente, não me parece bem que o Primeiro-Ministro queira
queimar o Presidente.
– Vai-te lixar. Vais
lá tu?
– Acho que não é
preciso. Acho que não é preciso ir ninguém de nós.
– Achas que o
gajo no meio da sua hiperactividade se acende a si próprio? Que é ele é que se
vai queimar?
– Podia
acontecer, António, podia acontecer mas acho que também não vai ser ele a
acender o pavio, eu acho que o Passos já deve ter os fósforos a jeito. O homem
se pudesse derretia-o todo.
– Já o Churchill
dizia que no outro lado do Parlamento estavam os adversários mas que os
verdadeiros inimigos estavam ao seu lado, eram do seu partido.
– O Seguro
queixou-se do mesmo.
– O Seguro era
um choninas, Augusto, um choninas. Adiante. Mais alguma coisa?
– Ainda não sei
o que vão eles fazer ao Cavaco.
– Quem?
– O Museu de
Cera de Madrid, o Aníbal também lá tem uma estátua.
– Dele?
– Sim.
– E eu?
– Tu o quê?
– Porque é que
ninguém faz uma estátua de mim?
– Também querias
ser uma vela gigante?
– Eu, pelo
menos, segundo alguns comentadores de carregar pela boca, já tenho experiência
em arder em lume brando.
– Cozer.
– Coser?
– Não é esse
coser, é cozer. Já tens experiência em cozer em lume brando.
– Arder é igual
mas também podia ser coser, eu estar a coser com um lume brando, porque é que não
podia ser?
– Porque não és
tu que estás a coser, estás a ser cozido, António, o homem diz que estás a ser
cozido em lume brando. Não estás a coser ao lume, és alguma velhinha?
– Eu dou-te a
velhinha! Eu estou é a cosê-los a todos. A coser tudo. Achas que tenho cosido
pouco?! Coso aqui, coso ali e quando dão por isso já estão todos cosidos uns aos
outros, ninguém se solta! Só eu é que domino as agulhas. Tudo cosido e todos
cozidos. Bem podem arranjar velas gigantes que, quando eu acabar, vão precisar
de muitas velas para acender! Ó se vão…